domingo, 27 de maio de 2012

Juíza prega calote em corrupto





Ela sugere que eleitor aceite a oferta e vote no adversário

MACAPÁ. No rastro do maior escândalo do estado, que levou à prisão as principais autoridades do Amapá, a juíza eleitoral Sueli Pini, de Macapá, está à frente de uma campanha que estimula o eleitor a aceitar trocar seu voto por cesta básica ou dinheiro, mas prega que o eleitor dê um calote no candidato corrupto que fez a oferta.

Sueli recomenda que o eleitor vote no concorrente do político, como forma de punição por seu gesto. Ela é responsável pelas duas zonas eleitorais da capital, que reúnem metade dos 420 mil eleitores do Amapá.

¿ São pessoas (eleitores) que não têm o que comer, que vivem na miséria, em palafitas.

Se o político safado der R$ 10 ou R$ 20 ou uma cesta básica, aceite, mas não vote nele. Para quem não tem nem o que comer, é desumano ter altivez para recusar esse dinheiro. Seja mais esperto que o candidato, dê calote nele.

A Justiça Eleitoral te autoriza ¿ disse Sueli.

Na véspera do primeiro turno, a juíza comandou uma passeata pelas ruas de Macapá, com carro de som e tudo, em favor do voto consciente e da opção pelo calote no político desonesto. Microfone em punho, a juíza pregou que os eleitores não transformem seu voto em mercadoria e, como prevê a lei, denunciem os candidatos que tentarem comprar seu voto: ¿ O eleitor pode dar voz de prisão a quem corrompe. Mas quem faz isso ou sabe disso? Então, se chegar ao ponto de aceitar uma dádiva, não dê seu voto a esse candidato. Claro que o ideal é não receber nada, mas quem tem um filho passando fome, não se controla ao ver uma nota de R$ 20 ou de R$ 50. O que prego e suplico é que vote em outro.

Sueli diz que já gastou R$ 3 mil, de seu bolso, para confeccionar faixas e espalhar mensagens a favor do voto consciente. Ela afirmou que seus colegas da Justiça apoiam a campanha.

¿ Sei que tem algo de jocosidade minha campanha, mas o brasileiro leva tudo na brincadeira. E a ideia do calote foi a maneira que encontrei para falar diretamente ao cidadão, numa linguagem popular ¿ disse.





Fontes: O Globo, 30/10/2010, O País, p. 12
            http://www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/192072

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